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Não é suposto perder um amigo de infância
Não porque nos zangámos ou amuámos
Nem por deixarmos de falar ou importar pela falta do tempo de a amizade reatar.
Não é simplesmente suposto que gente nova morra
Seja lá do que for e como for
Porque o que foi não é suposto
Nem permite o recurso ao recorrente falso consolo que aconteceu por ser suposto.
É pois impossível não sentir que a doença vulgarmente conhecida por prolongada
Não se prolongou afinal assim tanto
Nem sequer o suficiente para permitir um contra-ataque
E desonesta levou a melhor, mas não o melhor do meu amigo
Porque o melhor vive ileso na alma que não adoece nem padece
E a alma do meu amigo é tão forte que não se esquece.
Não se perderá jamais a memória de um amigo
Que nasceu exactamente no meu dia
Deixando-me agora o destino as velas a arder
Sem a alegria presente do seu sopro
E a tristeza de as velas agora serem só minhas
Sem eu nunca conseguir apagar esta saudade que me consome.
Não é justo, não é suposto!
Rezo por ti e para entender o que não é suposto
O que acontece contra os nossos relógios, as nossas vontades e as nossas balanças de justiça.
Rezo para tentar acreditar mais e ter alguma paz nessa fé de vida eterna do céu
Onde já moram poucos mas alguns dos meus mais jovens amigos.
Descansa por momentos em paz no céu
Mas depois sorri e encanta os que aí encontrares
Como tão bem nos alegravas por cá.
Talvez o céu precisasse urgentemente de ti e de gente extraordinária como tu
E não apenas dos que naturalmente e supostamente vão morrendo.
Olha por nós que te procuraremos nas lembranças e nas estrelas mais acesas
Podendo quem sabe esse nosso olhar cruzar-se na saudade.
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