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O Francisco e a Inês são primos direitos, unha e carne (e tantas vezes o mata e esfola), contando apenas com 6 meses de diferença de idade.
Apesar de o Francisco ser o mais velho, a Inês é mais alta e consegue pegar nele ao colo. Mas quando a Inês não consegue dizer palavras complicadas, pede ajuda ao Francisco para falar por ela. Brincam e riem como tontinhos e completam-se nos handicaps conseguindo os dois juntos ir sempre mais além.
A Inês gosta de ir para a porta da sala dela, mandar beijinhos pelo ar ao primo que despachado lhe retribui sem embaraços os mesmos mimos por via aérea… À hora de almoço e do lanche trocam no refeitório uns abraços e uns dedinhos de conversa (eu dava um mindinho para escutar esses diálogos). A Inês escolhe a roupa comentando se o Francisco irá ou não aprovar o outfit. Quando um consegue algum petisco (seja lá uma pipoca ou batata frita) pedincha sempre mais para dar também ao outro. Gostam de brincar aos pais e às mães e tentam convencer-nos que até já casaram. E muitas até acredito nessa hipótese de casamento secreto quando oiço as discussões e a forma refinada como gostam de embirrar e tirar o outro do sério.
No entanto, este amor platónico está ameaçado. Na semana passada fui buscá-los à escola e no corredor pulavam ambos contentes por virem juntos para casa. Até que a Inês se vira para ir buscar o casaco e a menina J. se agarra ao meu Francisco num abraço descaradíssimo. Não satisfeita com esse amasso, a menina J. diz à Inês que o meu filho só gostava dela. Ora, perante a afronta, eu e a Inês ficámos de queixo caído. Mas eu rematei de imediato e em defesa do sangue de família, que o Francisco ADORA a Inês. Até podia ter dito que o rapaz gostava muito das duas como seria normal um adulto intervir para moderação dos ânimos, mas não fui capaz e não controlei os meus instintos de sogrinha severa. E não me senti mal com isso, uma vez que a menina J. continuou a fitar a Inês com um olhar de demarcação de território, daqueles que esfolam. Dei a mão à minha sobrinha e ao Francisco, pensando se aquele olhar e a provocação da menina J. não deveriam ser considerados como bullying, que atrevimento! Com apenas 3, 4 anos já vivem acesas disputas.
Hoje o Francisco diz-me no carro que eu sou uma das preferidas dele. Oi? Hello? O meu filho julga que tem um harém e eu sou mais uma! Sempre ouvi dizer que mais vale um pássaro na mão e eu ficava bem mais descansadinha com um simples e intocável amor platónico entre primos. No entanto, o rapaz diz que eu sou a n.º 1 (até aqui menos mal, mas não sou one and only, xnif) e depois andou indeciso toda a noite até à hora de dormir se a menina J. ocuparia a posição n.º 2 ou n.º 3, saltitando no pódio com a Inês.
Prevejo e desabafo que isto não vai correr bem...
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