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As febres não passam e as saudades dos manos aumentavam.
Quando saía do Hospital para estar com o Francisco ficava com o coração em cuidados e os dedos colados ao telemóvel para receber a todo o momento notícias do estado do Manel.
Se estava aqui no Hospital, muitas vezes sentia-me aqui reclusa e impedida de brincar com o Francisco, dar-lhe banho, o jantar, os miminhos da noite e do acordar…
Como já percebi que estas febres me desconsideram completamente e não as posso controlar, decidi hoje dar-lhes o mesmo tratamento e ignorá-las também friamente. Hoje não me impediam de disfrutar do Francisco sem desatenções.
Fui buscá-lo à escola e dei-lhe a notícia que vínhamos ao Hospital ver o Mano. O Francisco teve uma reacção ainda mais entusiasmada do que se eu lhe tivesse anunciado que íamos ao parque.
Chegámos aqui e eu receei as perguntas, algum desconforto que este ambiente hospitalar pudesse provocar no Francisco. Nós os adultos adoramos complicar e antecipar.
Demos as mãos e entrámos na ala pediátrica onde a figura de um panda de peluche gigante ajuda a motivar a chegada. O Francisco maravilhado deu festinhas ao panda e quando se fartou perguntou pelo mano. Percorremos então o corredor e o Francisco curioso visitou com o olhar todos os quartos e enfermarias, sorrindo com quem se cruzava.
Assim que entrámos aqui no quarto do Manel, o Francisco chegou-se ao mano que o brindou com um sorriso cúmplice. Seguiram-se os momentos de inspecção. O Francisco achou graça à cama de grades e até gatinhou por baixo dela, remexeu nas prateleiras, deitou-se no meu cadeirão das noites e não deixou sequer por ver a casa de banho e os desenhos das paredes.
Ficou encantado e não me fez perguntas difíceis. Achou tudo acolhedor e isso bastou.
Improvisámos um lanche de bolachas e o Francisco fez questão de partir bocadinhos pequenos e de os dar à boca do Manel. Cantou-lhe a música do astronauta e pulou com um sapo para delírio e salva de palmas com gargalhadas do mano.
Há momentos em que me sinto presa, mas esta união de manos não depende de estados febris nem de internamentos. Foi muito bom não ter que repartir por momentos o meu coração e gozá-los aqui juntos e felizes, haja o que houver.
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